2º DOMINGO DO ADVENTO – ANO B
Is 40,1-5.9-11; SI 84; 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8
Os dias do Advento vão gradualmente recompondo a história
da salvação, quando recuperam a profecia e a expectativa da vinda de um
messias. São os cristãos que, a partir da mediação universal de Cristo, releem
o Primeiro Testamento e nele já veem sinais indicando a vinda da salvação.
Jesus é a salvação de Deus que se encarna e cumpre as profecias. Ele se torna o
redentor de todo gênero humano, quando destrói todo o pecado na cruz. Por isso,
o Natal sempre reacende em nós uma nova esperança.
Solidários no sofrimento
Parece que a humanidade depara-se sempre com uma situação
dramática quando se confronta com sua finitude. Essa realidade toca a dimensão
individual (saúde, doença, morte) e coletiva (injustiça, fome, violência,
exploração...). Como falar de Deus numa situação de dor e de sofrimento?
Na experiência do exílio, a classe dirigente, de Israel
foi forçada a usar os óculos do povo, cujo sofrimento ignorava quando estava no
poder. Ante essa prostração, o profeta universaliza a reflexão sobre o
sofrimento. Partindo da mentalidade do povo, que via no sofrimento um castigo
por seus pecados, o profeta deseja superar essa mentalidade de retribuição. No
livro da Consolação de Israel (c. 40-5 5), o segundo Isaías, ao anunciar
o fim dos sofrimentos, deseja conduzir o povo à fé de que, em Deus, o tempo do
sofrimento não é eterno. Deus em sua bondade vem em seu socorro para
resgatá-lo.
A parábola do caminho deserto e solitário revela que a
ausência do povo em relação a Deus é provocadora de sofrimento. Suscitando a
esperança, o profeta deseja fazer o povo compreender que Deus virá ao seu
encontro se ele o buscar com sinceridade de coração. A busca da vontade de Deus
leva à saperação das diferenças, nivelando as estradas pela prática da justiça.
Ao viver em fidelidade à aliança, o povo será expressão viva da glória de Deus
que se manifesta na justiça. A fé como prática de vida, portanto, encerra o
tempo de sofrimento e renova a esperança. Na medidá em que vive a fé como valor
moral, o povo se torna sacramento da presença de Deus (Israel), conduzindo os
seres humanos a uma paz sagrada, verdadeira (Jerusalém). Em outras palavras, o
povo encontrará consolo e força, quando cumprir a missão para qual é chamado,
isto é, construir a paz na justiça.
O precursor...
Os estudos bíblicos apontam o evangelho de Marcos como o
mais antigo dos evangelhos canônicos (Mt, Mc, Lc, Jo). Seu autor torna-se assim
o criador do gênero literário bíblico denominado evangelho (cf. 1,1). O núcleo
do evangelho de Marcos é o anúncio da paixão de Jesus. Para o autor do segundo
evangelho, Jesus é a verdadeira boa-nova (Evangelho) de Deus, cuja morte nos
traz a salvação
O trecho da liturgia de hoje resgata a profecia de
Isaías, atribuindo a João Batista o papel de transição entre as primeira e
segunda alianças. Ele chama o povo a conversão e a transcender a fatalidade da
situação (preparar o caminho do Senhor) Dessa forma, ele antecipa a visão de
Jesus (Filho de Deus), como sendo Deus que vem ao encontro do povo em sua
necessidade de vida.
As vestes e a alimentação de João o caracterizam com a
imagem dos antigõs profetas de Israel. Em épocas dificeis, a presença do
profeta sempre reacendia a esperança do povo. Por isso, o anúncio de joão ainda
e um convite fortemente ligado a primeira aliança Na visão do evangelho de
Marcos, através da figura de João e da esperança que ele suscita, toda a
experiência da fé de Israel e do Primeiro Testamento ordena-se em função da
vinda de Jesus. Ou seja, a experiência do povo de Israel torna-se, assim, uma
grande preparação para o acontecimento salvífico que é a pessoa e ação de Jesus
Cristo.
O batismo de João, na perspectiva dos banhos rituais de
purificação, vincula-se à questão do reconhecimento do pecado e visa a obtenção
do perdão, Realizado com água, elemento “purificador”, ele ainda é provisório.
Prefigura o batismo definitivo de Jesus, realizado no Espírito eque comunica a
vida de Deus ao fiel. O batismo de Jesus, embora assuma os elementos da
conversão e do perdão dos pecados, é uma realidade nova, que supera esse
batismo ritual. Ele sinaliza a nova e definitiva aliança, realizada no
Espírito, através da entrega de Jesus na cruz. O batismo de Jesus supera o
batismo de João em qualidade e finalidade, porque na força do Espírito comunica
ao(à) discípulo(a) a própria vida de Cristo.
Um Deus que salva
Quando na liturgia lemos o Primeiro Testamento na
perspectiva de Cristo, compreendemos que o plano de salvação de Deus é eterno
e, portanto, ja esta presente desde a criação do universo Essa macrovisão
leva-nos a superar a visão de Deus muito presa a questão do pecado Desde sempre
Deus é justo, não porque nos pune pelo pecado, mas porque sua presença em nossa
história sempre abre possibilidadë de salvação. Por essa razão, a conversão
verdadeira não se reduz a mero abandono do pecado e consequente cumprimento da
lei. Aconversão verdadeira é a abertura do ser humano a Deus, acolhendo sua
graça e buscando viver segundo a verdade.
O nascimento de Jesus instaura no presente o “Dia do
Senhor” como abertura da graça de Deus a humanidade As catastrofes não
significam destruição das pessoas (2a leitura). Elas são símbolos de que a
vinda de Cristo quer decretar o fim do pecado e da morte. O nascimento de Jesus
é o nascimento de uma nova humanidade. O novo céu e a nova terra são
indicadores dessa nova humanidade convertida a Cristo, que retoma sua relação
com Deus, construindo para si uma vida de pureza e de paz.
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