sexta-feira, 28 de novembro de 2014

PREPARAR OS CAMINHOS



2º DOMINGO DO ADVENTO – ANO B

 

Is 40,1-5.9-11; SI 84; 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8
Os dias do Advento vão gradualmente recompondo a história da salvação, quando recuperam a profecia e a expectativa da vinda de um messias. São os cristãos que, a partir da mediação universal de Cristo, releem o Primeiro Testamento e nele já veem sinais indicando a vinda da salvação. Jesus é a salvação de Deus que se encarna e cumpre as profecias. Ele se torna o redentor de todo gênero humano, quando destrói todo o pecado na cruz. Por isso, o Natal sempre reacende em nós uma nova esperança.
Solidários no sofrimento
Parece que a humanidade depara-se sempre com uma situação dramática quando se confronta com sua finitude. Essa realidade toca a dimensão individual (saúde, doença, morte) e coletiva (injustiça, fome, violência, exploração...). Como falar de Deus numa situação de dor e de sofrimento?
Na experiência do exílio, a classe dirigente, de Israel foi forçada a usar os óculos do povo, cujo sofrimento ignorava quando estava no poder. Ante essa prostração, o profeta universaliza a reflexão sobre o sofrimento. Partindo da mentalidade do povo, que via no sofrimento um castigo por seus pecados, o profeta deseja superar essa mentalidade de retribuição. No livro da Consolação de Israel (c. 40-5 5), o segundo Isaías, ao anunciar o fim dos sofrimentos, deseja conduzir o povo à fé de que, em Deus, o tempo do sofrimento não é eterno. Deus em sua bondade vem em seu socorro para resgatá-lo.
A parábola do caminho deserto e solitário revela que a ausência do povo em relação a Deus é provocadora de sofrimento. Suscitando a esperança, o profeta deseja fazer o povo compreender que Deus virá ao seu encontro se ele o buscar com sinceridade de coração. A busca da vontade de Deus leva à saperação das diferenças, nivelando as estradas pela prática da justiça. Ao viver em fidelidade à aliança, o povo será expressão viva da glória de Deus que se manifesta na justiça. A fé como prática de vida, portanto, encerra o tempo de sofrimento e renova a esperança. Na medidá em que vive a fé como valor moral, o povo se torna sacramento da presença de Deus (Israel), conduzindo os seres humanos a uma paz sagrada, verdadeira (Jerusalém). Em outras palavras, o povo encontrará consolo e força, quando cumprir a missão para qual é chamado, isto é, construir a paz na justiça.
O precursor...
Os estudos bíblicos apontam o evangelho de Marcos como o mais antigo dos evangelhos canônicos (Mt, Mc, Lc, Jo). Seu autor torna-se assim o criador do gênero literário bíblico denominado evangelho (cf. 1,1). O núcleo do evangelho de Marcos é o anúncio da paixão de Jesus. Para o autor do segundo evangelho, Jesus é a verdadeira boa-nova (Evangelho) de Deus, cuja morte nos traz a salvação
O trecho da liturgia de hoje resgata a profecia de Isaías, atribuindo a João Batista o papel de transição entre as primeira e segunda alianças. Ele chama o povo a conversão e a transcender a fatalidade da situação (preparar o caminho do Senhor) Dessa forma, ele antecipa a visão de Jesus (Filho de Deus), como sendo Deus que vem ao encontro do povo em sua necessidade de vida.
As vestes e a alimentação de João o caracterizam com a imagem dos antigõs profetas de Israel. Em épocas dificeis, a presença do profeta sempre reacendia a esperança do povo. Por isso, o anúncio de joão ainda e um convite fortemente ligado a primeira aliança Na visão do evangelho de Marcos, através da figura de João e da esperança que ele suscita, toda a experiência da fé de Israel e do Primeiro Testamento ordena-se em função da vinda de Jesus. Ou seja, a experiência do povo de Israel torna-se, assim, uma grande preparação para o acontecimento salvífico que é a pessoa e ação de Jesus Cristo.
O batismo de João, na perspectiva dos banhos rituais de purificação, vincula-se à questão do reconhecimento do pecado e visa a obtenção do perdão, Realizado com água, elemento “purificador”, ele ainda é provisório. Prefigura o batismo definitivo de Jesus, realizado no Espírito eque comunica a vida de Deus ao fiel. O batismo de Jesus, embora assuma os elementos da conversão e do perdão dos pecados, é uma realidade nova, que supera esse batismo ritual. Ele sinaliza a nova e definitiva aliança, realizada no Espírito, através da entrega de Jesus na cruz. O batismo de Jesus supera o batismo de João em qualidade e finalidade, porque na força do Espírito comunica ao(à) discípulo(a) a própria vida de Cristo.
Um Deus que salva
Quando na liturgia lemos o Primeiro Testamento na perspectiva de Cristo, compreendemos que o plano de salvação de Deus é eterno e, portanto, ja esta presente desde a criação do universo Essa macrovisão leva-nos a superar a visão de Deus muito presa a questão do pecado Desde sempre Deus é justo, não porque nos pune pelo pecado, mas porque sua presença em nossa história sempre abre possibilidadë de salvação. Por essa razão, a conversão verdadeira não se reduz a mero abandono do pecado e consequente cumprimento da lei. Aconversão verdadeira é a abertura do ser humano a Deus, acolhendo sua graça e buscando viver segundo a verdade.
O nascimento de Jesus instaura no presente o “Dia do Senhor” como abertura da graça de Deus a humanidade As catastrofes não significam destruição das pessoas (2a leitura). Elas são símbolos de que a vinda de Cristo quer decretar o fim do pecado e da morte. O nascimento de Jesus é o nascimento de uma nova humanidade. O novo céu e a nova terra são indicadores dessa nova humanidade convertida a Cristo, que retoma sua relação com Deus, construindo para si uma vida de pureza e de paz.

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