33º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
A
liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum recorda a cada cristão a grave
responsabilidade de ser, no tempo histórico em que vivemos, testemunha
consciente, ativa e comprometida desse projeto de salvação/libertação que Deus
Pai tem para os homens.
O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do Reino.
O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do Reino.
A
primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores
que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O “sábio” autor do texto
propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do
“temor de Deus”. Não são só valores da mulher virtuosa: são valores de que deve
revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos projetos de Deus e
corresponder à missão que Deus lhe confiou.
LEITURA I – Prov 31,10-13.19-20.30-31
Leitura
do Livro dos Provérbios
Quem poderá encontrar uma mulher
virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas.
Nela confia o coração do marido, e jamais lhe falta coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura,em todos os dias da sua vida. Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso. Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza;
a mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos,
e suas obras a louvem às portas da cidade.
Nela confia o coração do marido, e jamais lhe falta coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura,em todos os dias da sua vida. Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso. Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza;
a mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos,
e suas obras a louvem às portas da cidade.
ACTUALIZAÇÃO
• Mais do que uma mulher virtuosa
ideal, o “sábio” autor do texto que nos é proposto exalta todos aqueles –
mulheres e homens – que conduzem a sua vida de acordo com os valores do
trabalho, do empenho, do compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. São
estes valores, na opinião do autor, que nos asseguram uma vida feliz, tranquila
e próspera. Numa época em que a cultura do “deixa andar”, da
desresponsabilização, do egoísmo se afirma cada vez mais, este texto constitui
uma poderosa interpelação… Na verdade, por que caminhos é que chegamos à vida e
à felicidade?
• O nosso texto sugere também uma
reflexão sobre as nossas prioridades… Da mulher virtuosa diz-se que não se
preocupa com os valores efémeros (a aparência), mas que se preocupa com os
valores eternos (o “temor de Deus”). Quais são as prioridades da nossa vida?
Quais são os valores em que apostamos a nossa existência? Os nossos valores
fundamentais são valores que nos trazem felicidade duradoura?
• A referência à generosidade para com
o pobre e o necessitado é questionante… Como é que consideramos e tratamos
aqueles irmãos que nos batem à porta, a pedir um pedaço de pão, um pouco de
atenção, ou ajuda para deslindar um qualquer problema burocrático? Temos o
coração aberto aos irmãos e pronto para ajudar, ou fechamo-nos à caridade, à
partilha, ao dom?
• A referência ao “temor de Deus” como
valor primordial na vida da mulher ou do homem “sábio” e virtuoso também merece
a nossa consideração. No Antigo Testamento, o “temor de Deus” é a qualidade do
homem ou da mulher que ama Deus, que procura conhecer os seus planos e projetos
e que cumpre – com obediência radical e com total confiança – a vontade de
Deus. Esta dependência de Deus – diz-nos um “sábio” de Israel – não diminui a
nossa liberdade, nem atenta contra a nossa realização; pelo contrário, é
condição essencial para a realização plena do homem.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 127
Refrão:
Ditoso o que segue o caminho do Senhor.
Feliz
de ti que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua
esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa.
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa.
Assim
será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida.
LEITURA
II – 1 Tes 5,1-6
Leitura
da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião, não
precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor
vem como um ladrão noturno. E quando disserem: «Paz e segurança», são então que
subitamente cairá sobre eles a ruína,
como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão,
porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão,
porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
ACTUALIZAÇÃO
• A questão fundamental que os
cristãos devem pôr, a propósito da segunda vinda do Senhor, não é a questão da
data, mas é a questão de como esperar e preparar esse momento. Paulo deixa
claro que o que é preciso é estar vigilante. “Estar vigilante” não significa
ficar a olhar para o céu à espera do Senhor, esquecendo e negligenciando as
questões do mundo e os problemas dos homens; mas significa viver, no dia a dia,
de acordo com os ensinamentos de Jesus, empenhando-se na transformação do mundo
e na construção do Reino.
• A certeza da segunda vinda do Senhor
dá aos crentes uma perspectiva diferente da vida, do seu sentido e da sua
finalidade… Para os não crentes, a vida encerra-se dentro dos limites estreitos
deste mundo e, por isso, só interessam os valores deste mundo; para os crentes,
a verdadeira vida, a vida em plenitude, está para além dos horizontes da
história e, por isso, é preciso viver de acordo com os valores eternos, os
valores de Deus. Assim, na perspectiva dos crentes, não são os valores
efémeros, os valores deste mundo (o dinheiro, o poder, os êxitos humanos) que
devem constituir a prioridade e que devem dominar a existência, mas sim os
valores de Deus. Quais são os valores que eu considero prioritários e que
condicionam as minhas opções?
• A certeza da segunda vinda do Senhor
aponta também no sentido da esperança. Os cristãos esperam, em serena
expectativa, a salvação que já receberam antecipadamente com a morte de Cristo,
mas que irá consumar-se no “dia do Senhor”. Os crentes são, pois, homens e
mulheres de esperança, abertos ao futuro – um futuro a conquistar, já nesta
terra, com fé e com amor, mas sobretudo um futuro a esperar, como dom de Deus.
ALELUIA – Jo 15,4a.5b
Aleluia.
Aleluia.
Permanecei
em Mim e Eu permanecerei em vós, diz o Senhor.
Quem
permanece em Mim dá fruto abundante.
EVANGELHO – Mt 25,14-30
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Disse Jesus aos seus
discípulos a seguinte parábola: «Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus
servos e confiou-lhes os seus bens.
A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas, o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel.
Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel.Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence’.O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu.Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».
A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas, o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel.
Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel.Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence’.O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu.Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».
ACTUALIZAÇÃO
• Antes de mais, é preciso ter
presente que nós, os cristãos, somos agora no mundo as testemunhas de Cristo e
do projeo de salvação/libertação que o Pai tem para os homens. É com o nosso
coração que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo;
é com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão tristes e
desanimados; é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher os
imigrantes que fogem da miséria e da degradação; é com as nossas mãos que Jesus
continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos; é com os
nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está sozinho e
abandonado; é com a nossa solidariedade que Jesus continua a alimentar as
multidões famintas do mundo e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada
têm… Nós, cristãos, membros do “corpo de Cristo”, que nos identificamos com
Cristo, temos a grave responsabilidade de O testemunhar e de deixar que,
através de nós, Ele continue a amar os homens e as mulheres que caminham ao
nosso lado pelos caminhos do mundo.
• Os dois “servos” da parábola que,
talvez correndo riscos, fizeram frutificar os “bens” que o “senhor” lhes
deixou, mostram como devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera
da segunda vinda de Jesus. Eles tiveram a ousadia de não se contentar com o que
já tinham; não se deixaram dominar pelo comodismo e pela apatia… Lutaram,
esforçaram-se, arriscaram, ganharam. Todos os dias, há cristãos que têm a
coragem de arriscar. Não aceitam a injustiça e lutam contra ela; não pactuam
com o egoísmo, o orgulho, a prepotência e propõem, em troca, os valores do
Evangelho; não aceitam que os grandes e poderosos decidam os destinos do mundo
e têm a coragem de lutar objetivamente contra os projetos desumanos que
desfeiam esta terra; não aceitam que a Igreja se identifique com a riqueza, com
o poder, com os grandes e esforçam-se por torná-la mais pobre, mais simples,
mais humana, mais evangélica; não aceitam que a liturgia tenha de ser sempre
tão solene que assuste os mais simples, nem tão etérea que não tenha nada a ver
com a vida do dia a dia… Muitas vezes, são perseguidos, condenados,
desautorizados, reduzidos ao silêncio, incompreendidos; muitas vezes, no seu
excesso de zelo, cometem erros de avaliação, fazem opções erradas… Apesar de
tudo, Jesus diz-lhes: “muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas
pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu Senhor”.
• O servo que escondeu os “bens” que o
Senhor lhe confiou mostra como não devemos proceder, enquanto caminhamos pelo
mundo à espera da segunda vinda de Jesus. Esse servo contentou-se com o que já
tinha e não teve a ousadia de querer mais; entregou-se sem luta, deixou-se
dominar pelo comodismo e pela apatia… Não lutou, não se esforçou, não arriscou,
não ganhou. Todos os dias há cristãos que desistem por medo e cobardia e se
demitem do seu papel na construção de um mundo melhor. Limitam-se a cumprir as
regras, ou a refugiar-se no seu cantinho comodo, sem força, sem vontade, sem
coragem de ir mais além. Não falham, não cometem “pecados graves”, não fazem
mal a ninguém, não correm riscos; limitam-se a repetir sempre os mesmos gestos,
sem inovar, sem purificar, sem nada transformar; não fazem, nem deixam fazer e
limitam-se a criticar asperamente aqueles que se esforçam por mudar as coisas…
Não põem a render os “bens” que Deus lhes confiou e deixam-nos secar sem dar
frutos. Jesus diz-lhes: “servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não
semeei e recolho onde não lancei; devias, portanto, depositar o meu dinheiro no
banco e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu”.
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