O ENCONTRO COM DEUS VIVO PARA ALÉM DA MORTE
(2Mc 7,1-2-14) – (2 Ts 2,16-35) –( Lc 20, 27-38)
O homem é uma realidade histórica: vive no tempo; pôe-se em continuidade
com o tempo decorrido, do qual tira as possibilidades de compreensão de tudo o
que é uma riqueza para ele, tudo que constitui o seu valor; vive o presente
como momento real da sua consciência e liberdade; dirige-se ao futuro para
encontrar o sentido passado e do presente.
O
futuro, o ainda-não, é para o homem a dimensão mais radical, porque condiciona
as opções, determina suas realizações. O devir sempre foi o que põe á prova
todas as ideologias, todas as esperanças, todos os ideais. Dá lugar a uma
contestação de todos os mitos, dos absolutos que o homem ou a sociedade pode
criar para si no presente.
A morte, naufrágio da vida
Que será o homem depois da morte? É o problema fundamental da
existência. Pode o futuro recuperar o aparente fracasso da existência, ou
ratificar sua inconsistência e vazio? Se a vida presente é tudo, se não há
esperança para além da morte, é claro que está tudo definitivamente perdido.
Não há plano que possa impor, se todos têm um fim que os nivela. O
progresso parece fatal e definitivamente desacreditado se termina no nada da
morte.
O esforço, o trabalho, a alegria só têm valor se com eles realizamos
algo. Mas se, com a morte, tudo termina e deles nada gozamos, se não podemos
sentar-nos á mesa pela qual sacrificamos toda uma vida, então tudo parece ter
uma inconsistência radical.
Se o dialogo de amor com as pessoas termina para sempre, o amor não é
mais o cerne da vida do homem, mas simplesmente uma coisa entre muitas outras. O
problema posto pelos saduceus mão era uma interrogação marginal. Eles
perguntaram a Jesus o sentido, isto é, o que significa para o homem estar o
mundo.
Um Deus vivo para homens vivos
A resposta é categórica: toda solução seria precária e continuamente
desmentida se Deus não amasse verdadeiramente o mundo. Seu amor seria para nós
uma ilusão se nos viesse a faltar no momento da nossa salvação. Não poderia
chamar-se Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó,
e dos muitos que nos precederam, se esses não fossem mais do que um nome
vazio. Se Abraão estivesse definitivamente morto, enquanto Deus se proclama seu
salvador, está salvação seria uma ilusão.
A revelação de Cristo se manifesta, pois, fundamental como o problema
que fora colocado. Deus é Deus vivo para homens vivos. Essa é a segurança da
nossa vida hoje. Desta certeza nasce a alegria e a paz. A vida não termina,
porque foi salva da morte.
O próprio Deus plenificará o empenhamento do homem na história para além
da história, para ale morte, a qual não a limite, mas a manifestação, o inicio
da definitividade daquilo que se realizou e a que Deus deu gratuitamente o
acabamento. Para nós que vivemos no devir é difícil imaginar uma vida
definitiva, Mas nós, com esperança, a aguardamos de Deus que verdadeiramente
nos amou e nos prometeu uma consolação eterna e uma esperança feliz.
Jesus
rejeita de modo absoluto toda representação que a imaginação humana possa fazer
do reino Ed Deus, quando diz: “As pessoas deste mundo se casam e são dadas em casamento,
mas as que forem admitidas ao outro mundo e á ressurreição dos mortos, não
tornam mulheres nem são dadas aos maridos, porque não podem morrer mais; porque
são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.
Testemunho da ressurreição
Hoje, para muitos, custa crer numa vida futura. Isso é devido, por um
lado, á critica marxista que vê na esperança da vida eterna uma evasão da
responsabilidade na transformação deste mundo, e, por outro lado, á civilização
do bem-estar toda voltada para uma felicidade hedonista neste mundo. Nós,
cristãos, somos testemunhas da ressurreição; dizendo que nosso Deus é o Deus
dosa vivos e não dos mortos, fazemos uma afirmação que não se refere Sá a vida
futura, mas também ao presente. Deus dos vivos, dos que hoje já são
verdadeiramente vivos, empenhados inteiramente na vida, para melhorar a
situação da humanidade. Vida que não pode terminar, porque é a própria vida de
Deus; vida que, portanto continua par além da morte física.
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